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  • Foto do escritorDr.Luiz Felizardo Barroso

A indústria da recuperação de créditos e a pandemia




"Em momentos de crise, só a imaginação é mais importante que o conhecimento" Albert Einstein 


A Indústria de recuperação de ativos financeiros (créditos inadimplidos), com honrosas exceções, nunca conviveu muito bem com crises econômicas, como esta que estamos vivenciando neste momento, decorrente de uma crise sanitária mundial. E os estragos, infelizmente, continuam sendo feitos.

Quando indagados, os nossos técnicos, principalmente os da área da saúde, sobre em que oportunidade estaremos livres deste surto malévolo, eles simplesmente respondem que não sabem e também que ninguém poderá responder a esta pergunta com exatidão. O jeito é conviver com ela, a COVID-19, como foi a pandemia batizada.

O problema é que, principalmente, em matéria econômica, nada é pior do que a incerteza. Não é sem razão que o renomado neurologista Fabrício Pamplona, certa vez, em tom de blague, afirmou: "a incerteza dói mais do que um beliscão". Entretanto, voltando à Indústria de Recuperação de Créditos, a verdade é que ela só floresce em situações de normalidade econômico-financeira, pois as empresas em dificuldades sempre encontrarão alhures, fontes de recursos monetários, para solver, mediante negociação, o crédito, o qual foram obrigadas a inadimplir.

Seja como for, só as empresas especializadas em Recuperação de Créditos Inadimplidos têm expertise para oferecer aos devedores reais condições de negociação imperdíveis, que vão da isenção de correção monetária e de juros, até o abatimento do principal, em percentuais irrecusáveis. A pandemia irá gerar uma dificuldade a mais para as pequenas e médias empresas, sempre carentes de capital de giro e de uma certa independência financeira. Como, todavia, iniciamos este breve ensaio com as sábias palavras do astrofísico teórico, Albert Einstein, queremos crer que novos acertos e novas modalidades de negociação irão surgir, com amplitude maior e mais sofisticada no uso da tecnologia, graças à nossa criatividade e persistência.

Como, por exemplo, um sistema, com base no tratamento de dados, que dirige ligações telefônicas a um certo devedor, quem, precisamente, em uma determinada hora, não só estava disponível para falar ao telefone, como também disposto a receber uma proposta de acordo.

Bruxaria? Mágica? Indagarão os leigos. Não! Alta tecnologia, com base no que se convencionou chamar de "big data".

Uma outra atividade que deverá expandir-se será a negociação, totalmente eletrônica, (sem a interferência humana, portanto), como a que já é praticada, com absoluto sucesso, em nossos Tribunais de Justiça, nas mediações "on line" para fazer cessar, imediatamente, processos judiciais, os quais jamais deveriam ter se iniciado.

Se a intervenção humana ainda tiver sendo requerida, é bem provável que os operadores das respectivas empresas de recuperação de crédito, trabalharão, doravante, remotamente, em regime de " home offices", sendo criadas, então, oportunidades de trabalho para indivíduos que tenham dificuldades de locomoção, como os cadeirantes, por exemplo: solução, esta que terá, inclusive, um cunho social e humanitário.

O mercado de créditos podres, vulgarmente conhecidos também como "lixo" transformam-se em um "luxo", quando são objetos de securitização. Um outro mercado, este surgindo com toda a força, mesmo durante o recesso das atividades mercantis, é o MERCADO DE AQUISIÇÃO DE CRÉDITOS JUDICIAIS, o qual tem crescido enormemente em meio à crise da pandemia de Covid-19..

Estes são créditos e direitos vinculados a ações judiciais. As empresas e os advogados passaram a olhar para este novo segmento como uma alternativa extra para reforço de seu caixa; mesmo com o risco de terem que fechar contratos, com deságio muito maior do que aquele que poderiam auferir, em uma situação de normalidade.

Mal comparando com os créditos que originam a SECURITIZAÇÃO, não chegam a ser um "lixo", mas, de qualquer forma, um dia poderão vir a ser um "luxo", a despeito de serem créditos sujeitos aos azares de uma decisão judicial, sem contar com a morosidade excessiva de uma decisão definitiva, sabe Deus para quando.

Os principais demandantes destes créditos são advogados trabalhistas e Sindicatos, que patrocinam um sem número de partes e, portanto, de créditos oriundos de decisões judiciais, e que querem se ver livres deles.

A operação em causa, poderia se assemelhar também àquela praticada com os PRECATÓRIOS, que encerram créditos contra pessoas de direito público, os quais podem ser, e têm sido negociados amplamente, administrados por autoridades judiciárias. A verdade é que tudo isto não é tão novo assim, mas sempre que nos deparamos com uma situação à qual não estamos acostumados, temos dificuldade em lidar com ela. É a insegurança em lidarmos com o novo, o desconhecido.

É aí, então, que entra em cena o importante e crucial papel do LÍDER no traçar da rota rumo ao desconhecido. Todavia, não existe a figura do líder teórico (como os físicos teóricos, por exemplo), pois ele só pode ser identificado, reconhecido, no efetivo exercício da liderança.

A propósito, com a crise econômica, a liderança está sendo posta à prova em todos os seus limites. Situações de graves crises, sem precedentes, como a que estamos vivenciando, obrigam os líderes mundiais a fazer escolhas cruciais, como conformar-se com perdas importantes, em prol de um bem maior, agindo sempre, porém, com propósitos muito claros e bem definidos.

Resumidamente, o delicado papel do Líder, nesta atual conjuntura francamente adversa, será o de tomar decisões transparentes, com absoluta responsabilidade social e menores danos à sociedade, dando ampla, total, sincera e irrestrita satisfação à sociedade, mesmo porque "a opinião pública é uma força que não se pode ignorar impunemente.Quando abandonada, ela se vinga como se fosse uma mulher ciumenta". (Marcel Bleustein-Blanchet - La Rage de Convaincre, pag. 380).

Por Luiz Felizardo Barroso, Presidente da Cobrart Recuperação de Ativos e Membro da Centenária Academia Fluminense de Letras (Cadeira nº 4)

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